sábado, 21 de março de 2009

Dançando no escuro


Filme lançado na França em 2000, tem como uma de suas atrações a cantora Björk no papel principal. Narra a história de Selma Jeskova, imigrante tcheca nos EUA, que sofre de uma doença genética que a levará à cegueira. Para evitar que o mesmo ocorra com seu filho, ela trabalha para juntar dinheiro para a operação que o curaria. O diretor e roteirista Lars Von Trier soube adicionar à história a dose perfeita de sensibilidade ao contrapor a ilusão de Selma à dura realidade de sua vida sem visão. São carregadas de cores as cenas em que Selma 'foge' do mundo real - pálido, seco, silencioso - para ingressar no musical de sua vida. Nesses momentos, a ternura invade a tela e vemos o que Selma vê - a realidade que seus olhos vêem.
A' cegueira' da moça certamente não lhe permitiu enxergar outras possibilidades para salvar a si e a seu filho. Essa é a metáfora, a meu ver, mais bela do filme. Pode nos mostrar a contraposição da vida que vivemos e a vida que imaginamos.
Destaque para o número musical nos trilhos do trem. Para encerrar, a voz de Pessoa:

"Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;

E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar."

Fernando Pessoa

Um comentário:

  1. Sábias palavras... como ir tão direto ao ponto, hein? Etah, sujeito impressionante...

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